O desserviço do jornalismo declaratório nos programas policialescos da Paraíba
Mabel Dias (observadora credenciada)*
O jornalismo
declaratório tem sido constante nos telejornais na Paraíba. E nos programas
policialescos a situação é ainda mais grave. Na última quinta-feira, 11 de
janeiro, o Cidade Alerta PB, transmitido pela TV Correio, afiliada à
RecordTV, trouxe a informação que dois jovens tinham sido assassinados em
Mamanguape na véspera. A notícia foi dada pela repórter Gláucia Araújo, que
gravou um stand up, na Central de
Polícia, em João Pessoa. A única fonte entrevistada foi a polícia, afirmando
que os dois rapazes assassinados, de apenas 20 anos, tinham “envolvimento com o
tráfico de drogas”.
Durante a
narração da repórter, foi exibida a imagem de um dos supostos jovens
assassinados. Digo suposto por que a equipe do programa não o identificou e não
é possível saber de quem se trata. Ainda pior, foi a exibição da imagem do
rapaz, ligando-o ao tráfico de drogas, sem ter entrevistado alguma pessoa da
sua família para saber quem era ele, o que fazia e o que aconteceu para chegar
a tal situação. Uma violação da presunção de inocência, direito previsto na
Constituição Brasileira. Foi brutalmente assassinado e ainda teve sua imagem divulgada,
relacionando-o ao tráfico, sem direito a defesa.