domingo, 14 de janeiro de 2024

O desserviço do jornalismo declaratório nos programas policialescos da Paraíba

Descrição para cegos: imagem de uma mão aberta com a palma para frente na cor vermelha. O fundo é branco com um leve degradê para rosa nas bordas superiores. Sobre a imagem da mão, há um texto em letras maiúsculas na cor vermelha que diz: "Pelo fim dos programas policialescos!"

Mabel Dias (observadora credenciada)*

O jornalismo declaratório tem sido constante nos telejornais na Paraíba. E nos programas policialescos a situação é ainda mais grave. Na última quinta-feira, 11 de janeiro, o Cidade Alerta PB, transmitido pela TV Correio, afiliada à RecordTV, trouxe a informação que dois jovens tinham sido assassinados em Mamanguape na véspera. A notícia foi dada pela repórter Gláucia Araújo, que gravou um stand up, na Central de Polícia, em João Pessoa. A única fonte entrevistada foi a polícia, afirmando que os dois rapazes assassinados, de apenas 20 anos, tinham “envolvimento com o tráfico de drogas”.

Durante a narração da repórter, foi exibida a imagem de um dos supostos jovens assassinados. Digo suposto por que a equipe do programa não o identificou e não é possível saber de quem se trata. Ainda pior, foi a exibição da imagem do rapaz, ligando-o ao tráfico de drogas, sem ter entrevistado alguma pessoa da sua família para saber quem era ele, o que fazia e o que aconteceu para chegar a tal situação. Uma violação da presunção de inocência, direito previsto na Constituição Brasileira. Foi brutalmente assassinado e ainda teve sua imagem divulgada, relacionando-o ao tráfico, sem direito a defesa.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Cobertura do conflito no Equador pela Globo parece uma chanchada

Descrição para cegos: imagem mostra prisioneiros sem camisa, sentados com as mãos cruzadas na nuca, em um recinto fechado, vigiados por militares armados. 

Por Carmélio Reynaldo (observador credenciado)

Está ridículo a Rede Globo colocar seus correspondentes em Nova York para noticiarem os acontecimentos no Equador. Como o Brasil, esse país fica na América do Sul e, embora seja um dos dois que não tem fronteira conosco (o outro é o Chile), a distância é bem menor. Para agravar a chanchada, as informações apresentadas pela equipe novaiorquina estão disponíveis em vários sites noticiosos equatorianos, acessíveis a qualquer pessoa com acesso à internet.

Podemos até tentar entender o motivo. Um deles se refere à incerteza com relação à segurança de uma equipe enviada para o local, apesar da necessidade que o jornalismo televisivo tem de transformar o noticiário em espetáculo. Assim, em vez de usar um narrador para, daqui do Brasil, dar as notícias que estão sendo fornecidas pelas agências internacionais e disponíveis em portais em todo o mundo, arma-se a cena com correspondentes de Nova York. Aliás, de ontem para hoje, mais de um por telejornal.

Porém, para superar o problema da falta de segurança a uma equipe enviada à região do conflito, é praxe na imprensa mundial a contratação de jornalistas locais que atuam, nesses casos, como freelancers. É assim que as agências de notícia internacionais estão fazendo a cobertura no Equador.