domingo, 22 de agosto de 2021

JORNAL IMPRESSO

Sobriedade de A União merece registro

Descrição para cegos: imagem da capa do jornal A União do dia 12 de agosto, onde se destaca a seguinte manchete “Produção de etanol anidro utilizado em gasolina cresce 16%”. 

Por Rubens Nóbrega (Observador credenciado)

Único jornal paraibano que se mantém impresso e diário, graças, principalmente, à condição de órgão oficial do Estado suportado por recursos públicos, sob nova direção é visível o investimento em objetividade e sobriedade no jornalismo de A União.

Objetividade é marca que se persegue e se infere do noticiário sobre fatos da vida real; sobriedade, de evidente direcionamento na cobertura da atividade governamental. Tal avaliação parte da análise do conteúdo das edições publicadas de 3 a 12 deste agosto. 


Pode parecer bastante simplista o argumento, mas, pelo menos no período analisado, é reveladora a parcimônia com que A União trata o governador do Estado. Reveladora de um modo de fazer jornal que lhe escoima, desde a capa, do carimbo de mero panfleto governista.

Nas primeiras 11 edições do mês, a do dia 3 é a única que traz uma fotografia de João Azevedo – em três colunas – ilustrando chamada de primeira página para matéria interna sobre o lançamento de um programa de apoio à inserção de jovens no mercado de trabalho.

Somente na edição do dia 10, um domingo, a figura do governante reaparece. Mas no canto inferior direito da coluna ‘Aos domingos com Messina Palmeira’; mesmo assim, coadjuvando o prefeito da capital na inauguração de um letreiro turístico na praia de Tambaú. 

O governador volta à capa d’A União no dia 12, dessa vez em ‘chamadinha’ de uma coluna no canto direito superior da página, onde se informa que ele assinou termo de cooperação técnica com o Judiciário visando à ressocialização de presidiários na Paraíba.

Não é trivial. Desde a fundação, em 2 de fevereiro de 1893, A União sofreu com usos e abusos de sucessivos governos que mobilizaram ‘homens e máquinas’ para promover pessoal e politicamente chefes do executivo estadual, seus partidários e aliados de modo geral.  

Não bastava incensar o poderoso da vez, contudo. Quando teve expressiva força de opinião, nos três primeiros decênios do século passado, por exemplo, A União serviu como base de artilharia pesada para destruir reputação e moral de adversários do governo. 

Um desses alvos reagiu tão drasticamente que mudou o nome da capital. Setenta e sete anos depois, atiradores de elite de reciclado governismo trocaram balas por confetes. E dispararam tanta bajulação das páginas d’A União que acabaram acertando o chefe. 

Menos mal. Nessa última guerra, o governador perdeu o cargo, não a vida.



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