sábado, 18 de setembro de 2021

LAWFARE MIDIÁTICO?

Parte da imprensa realmente não trata
jornalisticamente denúncias contra RC

Descrição para cegos: foto mostra três homens com camisas contendo a inscrição “Polícia Federal” nas costas, um deles segurando uma bolsa preta na mão esquerda, caminhando em direção de viatura da PF, na qual um quarto homem aparece de pé, ao lado porta do motorista, já aberta.

por Rubens Nóbrega (observador credenciado)

Alvo de sucessivas denúncias levadas à Justiça pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) via Operação Calvário, o ex-governador Ricardo Coutinho também seria atacado por antijornalismo da imprensa local na cobertura da mesma operação. 

Segundo articulistas que defendem o ex-governador, notícias e comentários sobre informações da Calvário divulgadas em diferentes mídias com força de opinião no Estado apoiam e reforçam perseguição jurídica da qual Ricardo Coutinho seria vítima.

O assunto merece atenção deste observador porque defensores do político apontam reiterada e deliberada omissão de tais veículos na divulgação das manifestações da defesa de Ricardo – que sequer procurariam – a cada denúncia apresentada pelo MP.

Sem prejuízo de outras checagens sobre a procedência de tal questionamento, vejam a seguir um resumo do tratamento dado por seis dos principais portais jornalísticos da Paraíba às duas últimas denúncias contra o ex-governador e outros investigados.

PRIMEIRA DENÚNCIA

Divulgada no dia 2 deste mês, a primeira denúncia de setembro contra o ex-governador estende-se a três irmãs e um irmão dele e mais duas pessoas, acusados por lavagem de dinheiro com imóveis e animais de alta linhagem, entre outros bens.

“São acusações requentadas, que só reafirmam a perseguição implacável a que estão submetidos o ex-governador e familiares”, manifestou a defesa de Ricardo ao G1PB (Grupo Paraíba), único dos portais pesquisados que teria procurado ouvir o acusado.

Em mais quatro portais de porte assemelhado – Wscom, PBAgora, Correio e ClickPB – não foi encontrada, nesse caso, qualquer linha do básico do básico do jornalismo: pelo menos tentar ouvir o outro lado, ou seja, denunciados ou respectivos advogados. 

SEGUNDA DENÚNCIA

No Polêmica Paraíba, sexto portal incluído na pesquisa, nada foi encontrado sobre a denúncia divulgada dia 2, mas o portal trouxe a segunda denúncia no dia 14. Wscom, PBAgora, Correio também. Dando ao fato o mesmo tratamento antijornalístico. 

Na denúncia que veio a público na última terça-feira, Ricardo e mais 12 pessoas são acusados de receber propinas da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, que no governo do principal acusado (2011-2018) geriu o Hospital de Traumas de João Pessoa.

Na edição e publicação dessa nova denúncia, além do G1PB, dessa vez o ClickPB – e nenhum outro portal pesquisado – também buscou a defesa do ex-governador, que não quis se pronunciar sob a alegação de não ter lido a peça apresentada pelo MPPB. 

CONCLUSÃO

Procedem em boa parte os protestos contra o mau jornalismo que se expõe no texto de algumas matérias sobre denúncias de corrupção passiva e outras formuladas pelo MP contra o ex-governador e demais investigados na Operação Calvário. 

A verificação feita nos portais avaliados não atesta nem sugere, contudo, a existência de uma generalizada conduta imprópria na imprensa paraibana em desfavor de Ricardo Coutinho, como acusam jornalistas e blogueiros que o defendem. 

Um comentário:

  1. Observação pertinente e necessária Rubens! Há de se acrescentar que desde que a estratégia LAWFARE foi criada e diagnosticada que ela vem "casada" com alguma articulação do "Quarto Poder". Há que se distinguir, porém, essa articulação de classe com a simples má-fé e a busca mediana por audiência.

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