Mídia e
religião: vínculo silencia discussão sobre direitos sexuais e reprodutivos
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Descrição para cegos: foto mostra um urso de pelúcia na mão de uma criança de costas, a qual veste bermuda jeans. São visíveis apenas a mão que segura o brinquedo e partes do quadril e da coxa. |
Por Mabel Dias (observadora credenciada)
Segundo dados
da Anis – Instituto de Bioética, 4,7 milhões de mulheres, até os 40 anos, já fizeram
aborto no Brasil. 88% têm religião, sendo 56% católicas e 25%
evangélicas/protestantes. Essa é uma realidade que está escancarada em
pesquisas acadêmicas, de coletivos feministas e de mulheres, de todo o Brasil,
mas que ainda encontra muitas dificuldades para ser pautada pela mídia. Na
Paraíba, a situação é ainda mais grave.
A maioria dos
veículos de comunicação mantém uma estreita relação com algum grupo religioso,
evangélico ou católico, e isso dificulta as/os jornalistas fazerem matérias que
mostrem esta realidade vivenciada por inúmeras mulheres brasileiras, que
precisam recorrer ao aborto. É bom lembrar que no Brasil o aborto é legalizado
quando há risco de vida para a mãe, quando o feto é anencéfalo e quando a mulher
é vitima de estupro. Está no Código Penal. Não é uma decisão fácil nem as
mulheres desejam abortar. Quando tomam essa decisão, há um motivo muito forte
para isso. A violência sexual é uma delas. A cultura do estupro é algo real, e
tem atingido meninas e mulheres, de todas as idades. Porém, esses assuntos têm
sido silenciados pela mídia, brasileira e paraibana. Dados coletados pelo Instituto Patrícia Galvão revelam que meninas de até 14 anos têm sido mães. Na
maioria desses casos, essas gravidezes são fruto de estupro.